Tecnologias Educacionais

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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Reflexões sobre o ensino de Língua Portuguesa com o auxílio das TICs

O texto a seguir é um trecho de um artigo, apresentado no VI Simpósio de Linguagens e Identidades da/na Amazônia Sul-Ocidental. O estudo foi conduzido quando fui bolsista PIBIC/CNPq da Universidade Federal do Acre, sob orientação da professora Drª Verônica Maria Elias Kamel.  A pesquisa desenvolvida tinha como objetivo analisar os discursos dos alunos e professores de três escolas da rede pública do estado do Acre, para isso estes sujeitos responderam alguns questionários.   

 

O ensino de Língua portuguesa deve estar pautado em concepções de linguagem e texto mais amplas, em que os recursos linguísticos não se restrinjam somente a estrutura gramatical e o texto não seja visto como um objeto estático, vinculado somente à modalidade escrita padrão. Com o aparecimento das novas tecnologias surgem também novas formas de interagir, logo novas formas de se expressar, pensar e agir se originam e com elas meios inovadores de receber e produzir textos. 

 

Portanto, se o ensino adota uma nova abordagem de texto e linguagem, ele estará conectado às mudanças que vêm ocorrendo no mundo atual, pois o texto presente nas novas tecnologias reflete a constante mudança nas manifestações da linguagem, com efeito, o ensino não deve fundamentar-se em conceitos e noções antiquadas, se a realidade concreta mostra justamente o contrário. 

 

Como sabemos os processos de leitura e escrita, fica em grande parte das vezes a cargo da disciplina de Língua Portuguesa, por esse motivo nela deve-se aprender a lidar com os mais variados gêneros e tipos de textos. Conforme os PCNs, as TICs reinventam e veiculam os mais variados gêneros textuais e como elas estão extremamente ligadas ao dia-a-dia de grande parte dos alunos, é normal o aluno ter mais contato com as tecnologias da informação fora da escola e, por isso, é necessário que a escola ensine como ler, criticamente e racionalmente o que é difundido por meio delas. 

 

Nos discursos dos professores os recursos tecnológicos são convenientes para a apresentação de imagens, portanto adota-se uma noção de texto mais abrangente, prioriza-se a produção de sentidos e a interação entre os interlocutores. Sobre a constituição do texto é possível, com o auxílio de recursos tecnológicos, ensinar conteúdos como coerência e coesão em textos verbais ou não verbais, quadros, desenhos, músicas, ajudam a desvincular certas ideias. Pode-se trabalhar, por exemplo, a coerência em charges, músicas, vídeos ou ainda trabalhar a ideia de coesão em ambiente de hiperlinks. O hiperlink é bastante produtivo para ensinar processos de coesão porque permite elevar a coesão textual para outro patamar, pois os elementos coesivos não serão somente recursos linguísticos, mas também o próprio leitor que de acordo com sua preferência definirá a ligação entre as informações apresentadas. A hipertextualidade, propiciada pela inserção de hiperlinks, possibilita maior intertextualidade o que resulta na apreensão de várias informações, em que o leitor percorre por vários textos, escolhendo e definindo a ordem de leitura dos conteúdos mais relevantes. 

 

Outra questão interessante detectada é a reclamação sobre as redes sociais que esteve presente em inúmeros discursos de professores e alunos. Conforme seus discursos grande parte dos alunos acessam quase que diariamente a internet, e navegam principalmente nas redes sociais. Seria conveniente o professor aproveitar esse interesse e redirecionar para os processos de ensino e aprendizagem, de forma que os alunos pudessem participar de discussões, tecessem comentários, discutissem notícias ou artigos publicados na internet. Desse modo, o educador pode criar uma página pessoal na rede para a interação com seus alunos, para que o contato com estes não se prenda somente ao espaço escolar da sala de aula, mas também por meio de redes sociais como o e-mail, os blogs, por exemplo. Esse instrumento de comunicação criado e utilizado pelo professor e seus alunos servirá como espaço virtual de discussão e disseminação de referências bibliográficas para cada conteúdo de ensino e para cada aluno. Essa é uma das propostas estabelecidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. 

 

Como vimos pode-se trabalhar com uma infinidade de conteúdos, várias atividades para empregar os aparatos tecnológicos no ensino de Língua Portuguesa. Para isso o professor deve ter em mente que estes dispositivos são apenas novos recursos didáticos assim como o livro didático, o giz, o quadro, esses aparelhos não substituem o trabalho do docente que ainda possui um papel de grande importância, o êxito do trabalho com as TICs depende da criatividade do professor, do planejamento adequado das atividades, da participação dos alunos e das condições físicas e financeiras da escola. Assim concordamos com Ângela Correira quando diz que “Em vista disso, temos que mais importante que os meios (a tecnologia), é a práxis do educador com os educandos - e vice-versa -,que cria significado emancipador e não a tecnologia por si mesma”. (DIAS,2008,p.9). 

 

Há um longo caminho a se percorrer para uma boa integração entre a tecnologia e a educação, já que atualmente existem vários empecilhos para o emprego produtivo das tecnologias da comunicação e informação no ensino escolar. Como notamos nos discursos dos alunos e professores a utilização não apropriada desses recursos não acrescenta nada para a formação dos discentes, logo é imprescindível a orientação e acompanhamento do professor em tarefas que envolvam essas tecnologias. 

 

Notamos também que outro problema a ser enfrentado é a escassez de recursos financeiros, materiais e estruturais que subsidiem a realização de práticas pedagógicas assistidas pelos recursos tecnológicos, esses problemas não se restringem somente ao uso das TICs na escola, uma vez que grande da parte das escolas encontram-se em situações extremamente precárias, falta material didático, falta condições físicas e custeios para realização de projetos pedagógicos. Há a necessidade de orientar e capacitar melhor os professores para executar ações educativas com o auxílio dos recursos tecnológicos. 

 

Contudo, de acordo com os discursos dos professores, o compromisso com a educação, a dedicação e criatividade podem superar esses obstáculos existentes. Eles procuram na medida do possível transformar seu fazer pedagógico, almejando assim inovar, melhorar e alcançar bons resultados de aprendizagem com o emprego das tecnologias da informação e comunicação, mesmo que as condições da escola não ofereçam oportunidades para utilizar constantemente esses dispositivos.


2 comentários:

  1. Excelente texto, posto que não ignora a realidade, qual seja: a de que há escassez de instrumentos e recursos nas escolas brasileiras, além de reconhecer a necessidade de formar melhor tecnologicamente nossos professores. Não obstante os obstáculos que enfrentamos, utilizamos aquilo que temos disponível, movidos pelo compromisso que temos com a Educação em nosso país.

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    1. Reconhecer e refletir essa realidade é necessário para repensar a presença das tecnologias na sala de aula. Analisar os dizeres dos sujeitos que estão envolvidos nesse processo nos mostra o que foi feito para que possa ser aperfeiçoado e o que está péssimo ou ausente seja reconstruido.

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